set 12, 2009 - Poligrafia    No Comments

Influenza… outra vez.

Já não é a mesma coisa… as notícias já não causam o mesmo impacto do início; as manchetes já não estão nas primeiras páginas dos jornais, nas chamada iniciais das televisões… Frustração, para o bem da humanidade. Restaram as conseqüências da inconseqüência, mas nenhum porco (de quatro patas) apresentou defluxo, assegura a FAO. O México foi a nocaute, com considerável prejuízo, de todo ainda não calculado, na sua economia, sem falar na humilhação das restrições de acesso, que seu povo ainda está sofrendo. A suinocultura teve seu negócio abalado, com restrição de consumo, de exportação, e as empresas que o exploram tiveram suas ações desvalorizadas. A imbecilidade, parece, tomou conta do mundo…

Eis a contabilidade (OMS – Update 65 – 11/9/2009): 277.607 casos, que resultaram em 3.205 mortes. Comparada com outra, a da tuberculose, é ridícula… mas o ridículo, contudo, não está em matar menos, está justamente em não se importar, com quem mata mais. Mas, nisto, também, não há novidade nenhuma! É assim; será assim, sempre…

Nos surtos sazonais, ou estacionais, de gripe morrem muita gente, todos os anos, mas ninguém se dá conta disso. Outras, muito mais letais, por ai estão impunemente à solta…

O dia 24 de março, por exemplo, não mereceu, da mídia e dos especialistas midiáticos, a mesma importância que devotaram à influenza H1N1. Nesse dia, em 1882, Robert Koch, descobriu o Mycobacterium tuberculosis, agente causador da tuberculose, por isto considerado, pela OMS, Dia Mundial da Tuberculose. Enganam-se os pensam que é uma doença do passado! Está em estado de emergência global, decretado pela OMS, como enfermidade reemergente, desde 1993.

Sua contabilidade arrepia: 2.000.000.000 de pessoas, ou 1/3 da população mundial, está infectada pelo Mycobacterium tuberculosis. Destas, 9.000.000 desenvolverão a doença e, destas, 2.000.000 morrerão a cada ano! No Brasil, 72.800 novos casos são notificados por ano, causando 4.500 mortes. Vide a taxa de abando de tratamento… Saiba que cerca de 20% dos doentes não são diagnosticados… Tantos outros só o são pela ocasião da internação, naquele estado deplorável, que Augusto dos Anjos, poeta, vítima dela mesma, assim definiu:

Vomitar o pulmão na noite horrível

Em que se deita sangue pela boca!

ou na fria maca do necrotério, durante a autópsia…

A Influenza H1N1 veio, fez e fará o que sabe fazer: acometer, maltratar, matar… como as outras influenzas, ditas comuns, que nos seus andaços sazonais matam, segundo a OMS, de 250.000 a 500.000 pessoas, todos os anos. Saibamos disto!

As gestantes e os mais jovens estão pagando maior tributo a esta, pelo o que indicam, até agora, as estatísticas. Como explicação, para isso, algumas teorias foram aventadas, mas tudo parece resumir-se ao grau de imunocompetência. As gestantes por sofrerem, como é sabido, uma imunodepressão natural, para preservação do concepto, e os mais jovens, por não terem sido contemporâneos da circulação de ancestrais do vírus, não guardam nenhuma memória imunológica dos seus antígenos.

Outras pandemias de influenza, ainda neste século, virão certamente. O que não sei é se as autoridades saberão o que fazer, com eficiência, sem emoções desnecessárias, para contê-las nos limites do razoável.

Fernando Guedes

12/9/2009

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