Estresse e Felicidade
O coração tem dois quartos:
Moram ali, sem se ver,
Num a dor, noutro o Prazer.
Quando o prazer no seu quarto
Acorda cheio de ardor,
No seu, adormece a Dor…
Cuidado Prazer! Cautela,
Canta e ri mais devagar…
Não vá s dor acordar…
Friederich Rückert
Poeta e Filósofo Alemão
O termo estresse vem do inglês stress, que foi usado inicialmente na física, para traduzir o grau de deformidade sofrido por um material quando submetido a um esforço, ou tensão. Na década de 30, o Endocrinologista austríaco, Hans Selye, utilizou o termo, pela primeira vez, para caracterizar qualquer agente ou estímulo, nocivo ou benéfico, capaz de desencadear, no organismo, mecanismos neuroendócrimos de adaptação. Em 1850 Selye publicou a obra que o consagrou, na qual expôs a síndrome de adaptação, sob o título: Fisiologia e Patologia da Exposição ao Estresse.
Assim, o estresse não é necessariamente uma doença, nem uma condição necessariamente nociva. O indivíduo ao deparar-se com um estímulo estressante, como por exemplo: nova paixão; emprego novo tão desejado; aprovação; promoção; o beijo que tanto se deseja; falta de tempo para o lazer; trânsito caótico; ameaça de um predador; acidente; frio intenso; anestesia; cirurgia; etc. entra na 1a. fase, de Alarme: dilatam-se as pupilas, a noradrenalina, produzida pelas glândulas supra-renais, faz acelerar os batimentos cardíacos, provoca elevação da pressão sanguínea, para melhorar a oxigenação. A respiração altera-se e os brônquios se dilatam, para receberem maior quantidade de oxigênio. Aumenta os fatores da coagulação em circulação, para prevenir possíveis hemorragias. O fígado libera o açúcar armazenado, para suprir os músculos de energia. Redistribui o sangue com maior suprimento para o cérebro e músculos. Inibe o processo digestivo. Se o organismo consegue livrar-se do estímulo estressor, eliminado-o ou adaptando-se a ele, retorna ao equilíbrio interno, que nós chamamos de homeostase, continuando sua vida normal. Porém, se o estímulo continua sendo percebido, pelo organismo, como estressor, ocorre a evolução para a fase 2a. fase, Resistência, Intermediária ou Estresse contínuo. Nessa fase, a mobilização de energias acarreta algumas conseqüências: redução da resistência a infecções; sensação de desgaste, provocando cansaço e lapsos de memória; supressão de várias funções corporais relacionadas com o comportamento sexual, etc. Se o estímulo persiste, instala-se a 3a. fase, Exaustão ou Esgotamento, na qual se observa: queda da imunidade e surgimento de numerosas doenças: alergias, hipertensão, diabetes, herpes, distúrbios gastrintestinais, alterações de peso, depressão, ansiedade, alterações do sono, alterações cognitivas, etc.
Há uma variante do estresse ocupacional, denominada Síndrome de Burnout (termo composto, do inglês, burn = queima e out = exterior), que pode ser entendido como autoconsumo físico-psiquíco, que se caracteriza por: exaustão emocional grave, avaliação negativa de si mesmo, depressão e instabilidade com relação a quase tudo. Nesse contexto se inserem casos de DORT que não se resolvem nunca, de dores que nunca remitem. Enfim, a negação da técnica médica, que não é capaz de penetrar nos recônditos das individualidades.
A felicidade não surge ao acaso nem é um presente do destino. Não é a ausência de infelicidade, sua simples negação… A infelicidade é um fato; a felicidade não. A infelicidade é um estado, a felicidade não. A felicidade não é uma coisa; é um pensamento. Não é um fato, é uma invenção. É uma ação. É muito mais que uma alegria passageira, é um contentamento interior duradouro, um estado estável, permanente. “Um momento de felicidade” é, portanto, uma expressão imprópria, que faz confundir felicidade com momento de alegria, de contentamento, de gozo. Felicidade é permanente, ou não é.
Como se chega então a esse estado permanente? Pela Filosofia! Somente a sabedoria nos conduz à felicidade. Na verdade, disse Simone Weil, o prazer e dor são um par inseparável. Portanto a sabedoria está em não buscar não sofrer ou sofre menos, mas buscar não ser alterado pelo sofrimento. O primeiro passo é desfazer-se da esperança. A esperança e o conhecimento nunca se encontram: nunca esperamos o que sabemos; nunca conhecemos o que esperamos. A sabedoria budista assegura que “só é feliz”quem perdeu a esperança; porque a esperança é a maior tortura que há, e o desespero, a maior felicidade”.
Pode até parecer contraditório, mas não é. A esperança remete para o futuro a realização das nossas expectativas, e o futuro é o mais autêntico dos enganos, porque deixa de existir quando começa a existir, para subsistir apenas o presente. É no presente que tudo nos acontece, de bom ou mau. O outro passo é o desapego. Quem se aferra ao apego afasta-se da felicidade. Outro a equidade, que precisa ser praticada em todas as oportunidades, porque a equidade é a destra da justiça. Esses passos nos conduzem a um estado de paz interior, que é lar predileto da felicidade. Busque-a, pois, dentro de ti mesmo, porque não a encontrarás no outro…
Fernando Guedes
28/09/2009
Quem conhece Fernando Guedes, como eu, sabe da capacidade dele se posicional frente a qualquer assunto. Sempre boa discussão que se faz, sobre qualquer assunto. Viroses, guerras, amor, paz, rebeldia, vinhos e boa mesa, seu “prato do dia”.
Parabéns pela iniciativa e bom gosto de sempre.
Forte abraço.
Edmar
Muito pertinente a analogia ao coração com seus dois quartos. Sabemos que todo mecanismo de dor ou prazer encontra-se no cérebro, mas é como se sentissemos no coração, na hora do prazer é bom ficar bem quietinho para não
despertar a dor que cedo ou tarde virá partindo o coração em mil pedaços, mas por sua vez o coração poderá refazer-se uma e outra vez. A esperança de voltar a ser feliz é um passo para a cura da alma. Gostei muito do texto. Um abraço.
Fernando parabéns pelas palavras e idéias.
Vou apreciar e aprender mais da vida.
Felicidades e grande abraço.
Samuel
Fernando gostei muito da sua idéia. Visitarei sempre que me for possíve. A prpósito, gostei deste tópico.
Um abraço.
Prezado Amigo Fernando,
a reflexão que faço é sobre o passado, o presente e o futuro:
relembrar o passado e aprender!
Planejar o futuro e viver
o presente!
O passado é um retrato camuflado pela névoa do tempo.
O futuro é imprevisível
inatingível ou nunca chega a ser.
Viver é um presente!
Um abraço Amigo,
Julizar
Meu prezado Amigo,
Que construtiva essa troca de idéias! A alma busca sempre outra alma afim… Veja: Passado – Presente – Futuro… Eu me deparo com uma inexorável sucessão de “agoras”, que é a realidade do presente. Esta mesma que resulta no passado, quando já não é. Assim, admito que algo que já foi – o passado – possa refletir concretamente no que é: o presente. Mas, o futuro é uma quimera, porque nunca vem a ser. Quando começa morre, deixa de ser… Vivamos, pois, o presente, que, com a sua amizade, é muito mais interessante!
Abraço-o.
Fernando
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