Dra. Zilda Arns
Não a conheci pessoalmente, senão pela mídia, quando testemunhava sua obra… Sei-a médica, dedicada à Pediatria e à Saúde Pública, às quais emprestou a eficácia da simplicidade: visita domiciliar às famílias; dia do peso, também chamado de dia da celebração da vida e reunião mensal para avaliação e reflexão, praticados por um exércitos de voluntárias, treinadas e educadas para servir… Eis a verdadeira Pediatria: Doutrina e Ação, como ensinou o eminente Professor Pedro Alcântara.
Consultório luxuoso, remédio caro, potinho e leite industrializados? Nada disto! Sua clientela, de outra classe, reclamava a simplicidade do cuidado e da prevenção; a colaboração barata da educação e do amor ao próximo… Enfim, da milagrosa multimistura, para enriquecer a dieta e salvar da fome oculta, de que tanto falou Josué de Castro, milhares de crianças por este Brasil em fora…
Sua morte, sob os escombros do Haiti, é um símbolo, que ao símbolo de sua vida profissional se junta para uma lição final: a da solidariedade!
Possivelmente quererão lhe render, na morte, fúteis homenagens; possivelmente darão a logradouro público o seu nome; provavelmente lhe erguerão uma estátua, em algum lugar. Já prevejo a enfadonha sessão do Senado, com verborragia de Mão Santa e Simon… Mas, Dra. Zilda não precisará de nada disto, para se eternizar na memória popular, porque ela pertence a essa rara espécie de gente que se estatua a si mesma em vida.
Viva, ela era sua própria estatua. Morta, é viva estatua esculpida no imaculado mármore humano: o artista: ela mesma. O cinzel, a profícua obra; o maço, o amor ao próximo. Não morrerá nunca, porque nunca será esquecida.
Fernando Guedes
15/1/2010
Fernando,
muito concordo com suas palavras e tenho Dra. Zilda como mentora quando estou a cuidar de minhas crianças, trabalho que tanto amo e faço questão de faze-lo enquanto vida tiver. Sendo assim, a vida continua nas mentes daqueles a quem inspiramos.
Um abraço e vamos trabalhar,
Maria Analia